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domingo, 11 de maio de 2014

(36)EUROPEIAS/2014: ENTREVISTA AO CANDIDATO DA CDU!

Diário de Notícias
(TRAZIDO DO DN)
ENTREVISTA A JOÃO FERREIRA

"Alternativa não é possível com 30 ou 40% de votos no PS"

por Octávio Lousada OliveiraHojeComentar
João Ferreira
João FerreiraFotografia © Natacha Cardoso / Global Imagens

O cabeça de lista da CDU acusa os socialistas de simularem "insanáveis divergências com o PSD" e diz que a concentração de votos no PS inviabilizaria uma "política patriótica e de esquerda". Pelo meio, insiste na importância de fazer cair o Governo de Passos Coelho e na saída do euro. Segundo afirma, o LIVRE de Rui Tavares tem posições que "não só não resolveriam como agravariam os problemas do País".

Por que razão tem insistido tanto na dissolução da União Económica e Monetária (UEM)?
A proposta de dissolução da UEM não é de agora, já vem de há muito. É uma proposta que é indissociável daquela que foi a nossa posição relativamente à própria criação da UEM e à integração de Portugal na UEM. Na altura, alertámos para as consequências da submissão a uma mesma política monetária, cambial, orçamental e até de gestão financeira do Estado que países com um nível de desenvolvimento diferente e, portanto, com necessidades no também muito diferentes. Os anos que passaram mostraram-nos que tínhamos razão. De facto, a submissão a essa mesma política, definida não em função dos interesses das economias mais frágeis mas de economias como a alemã, acabaram por prejudicar as economias mais frágeis, em particular a portuguesa. Isso, hoje, está bem à vista. Nós continuamos a defender a dissolução da UEM, mas entendemos que essa dissolução deveria ser sempre um processo preparado e negociado, de forma até a prever compensações aos países que mais foram prejudicados pela manutenção da moeda única nestes últimos anos. Agora, não sendo isso possível, aquilo que defendemos é que o País se deve preparar para a saída do euro. Seja uma saída por opção e vontade próprias do povo português, seja uma saída imposta, em face dos desenvolvimentos da crise na União Europeia (UE) e na zona euro. É um cenário que não podemos pôr de parte, de imposição de uma saída. Parece hoje mais distante do que há dois anos, mas não pode, ainda assim, ser posto de parte. Seria melhor que essa transição fosse devidamente preparada e decorresse de uma forma suave, ordeira e sempre, mas sempre defendendo os interesses dos trabalhadores, dos reformados e da generalidade da população, não pondo em causa os seus rendimentos (nem os passados, nem os presentes, nem os futuros).
E com outro equilíbrio de forças no Parlamento Europeu, outro presidente da Comissão Europeia e outras política continuaria a defender essa saída?
O problema da UEM (e da moeda única), tal como está construída, é esse que referi: eu acho que é facilmente percetível que as necessidades de um Estado como Portugal, do ponto de vista monetário, cambial, da gestão orçamental e financeira são seguramente diferentes das de um país como a Alemanha. Portanto, não é possível manter submetidos a uma mesma política países com níveis de desenvolvimento tão diferentes sem gerar um efeito desagregador e um efeito de aumento dos desequilíbrios estruturais. A continuidade no euro não seria possível - e não seria uma solução que defendêssemos, mas alguns têm defendido - a não ser num quadro que permitisse uma transferência massiva e regular de recursos, uma redistribuição, nomeadamente por via de um grande orçamento da União Europeia, que hoje não existe nem há perspetivas de vir a existir. Defendemos o aumento do orçamento, isso sim, mas a solução não é conformarmo-nos com as desigualdades que a União Económica e Monetária gerou, não é conformarmo-nos com uma situação em que há países produtores e outros consumidores, pelo contrário. Importa dinamizarmos a economia do nosso País, dos nossos setores produtivos, criar riqueza, produzir mais para dever menos e distribuir a riqueza que criamos de uma forma socialmente justa. A permanência no euro revelou-se incompatível com este objetivo.
A sua voz tem sido a mais assertiva nesta matéria. No debate sobre a proposta do PCP para a renegociação da dívida, a 16 de abril, a bancada parlamentar não se quis vincular muito a essa ideia. Como é que lê essa posição?

Ler Artigo Completo(Pág.1/9)

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